O Mercador de Veneza confronta o que a de melhor e que há de pior na alma humana: amizade, paixão, romance, condescendência, interesse, benemerência, usura, intolerância, vingança e a sublime poesia.
Enquadrado entre as comédias do bardo inglês, é uma adaptação de uma peça peculiar, pois se desenrola de tal forma, que a dramaticidade impõe-se sobre o gracejo, e desvela seu sentido tragicômico. O enredo transita por duas óticas: de um lado o penhor (fiança) de libra de carne, e o fio condutor romântico, o da escolha do noivo por meio de cofres de diferentes materiais e significados.
O mercador de Veneza traz dois discursos que se frontalizam e onde as personagens não são passíveis de conciliação: Shylock, o judeu e António, o mercador cristão, não nos permitindo, as mais das vezes, um distanciamento impesssoal, pois Shakespeare consegue envolver entre as questões que permeiam a obra, os conflitos que moram no coração dos homens. Nos inquieta porque os princípios éticos e o contexto legal nem sempre se harmonizam e as razões e contra-razões se chocam num clima passional, excedendo-se a precariedade jurídica com a exercitação das palavra se as falsas verdades e das manipulações ideológicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário