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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

NÃO MATARÁS

Pode-se encontrar diversas interpretações políticas, principalmente baseando-se no cinema político e engajado que Krzysztof Kieslowski já realizara no início de sua carreira. Visão ressaltada devido às transformações tão recentes, ou melhor, acontecendo simultaneamente às filmagens (fim do Socialismo polonês, volta do partido Solidariedade e etc). Só que temos outro contexto, Kieslowski interessa-se pelas relações humanas, por apontar e discutir temas tão famigerados e próximos de nossos valores morais, em buscar dentro dos Dez Mandamentos a legitimidade para falar sobre pena de morte. Há claro, uma precisa composição social polonesa, os tipos populacionais, os prédios mal-cuidados, os carros, e acompanharmos os meandros do desempregado delinqüente e violento vagando pelas ruas de Varsóvia tem dupla função: de caracterizá-lo (fundamentando suas ações futuras) e também oferecer toda essa perspectiva de nação em momento de transição econômica.
A trama traz o encontro de três personagens, um taxista rabugento e arrogante lava seu carro enquanto despreza clientes, um recém-formado consegue aprovação para iniciar-se na carreira de advogado. As motivações para um crime bárbaro são óbvias (e Kieslowski teima em justificá-las quando nem seria necessário, mas o tema político não lhe escapa às mãos e por isso uma namorada, a relação com a família, tudo amenizando atos e humanizar assassinos), e após o julgamento e condenação é que a pena de morte assume-se como grande tema em questão. Por isso, indiferente sabermos qual será o destino de cada um desses personagens, o que deseja aqui o cineasta é discutir a legitimidade de destituir-se de um ser humano o direito de sua cidadania. E saber enriquecer um filme com cores, posicionamentos de câmera, e pequenos detalhes (que fogem à trama central) são artimanhas que transformam um filme qualquer numa obra diferenciada. E o advogado vem na função de dar voz ao diretor, povoado de sua ética aguerrida, assiste e participa de um sistema de justiça que questiona e com suas migalhas de poder expõe sua visão contrária e reformista.

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