Espanha - 2004
Por Marta Kanashiro :
Da janela, uma verde paisagem traz o vento a remexer as cortinas e os desejos de liberdade, de movimento. Daquela abertura da janela, o mundo todo se descortina a Ramon Sampedro. Já na primeira cena do filme espanhol Mar adentro, o espectador é colocado no lugar do protagonista, diante dessa janela e dos desejos, sonhos e impossibilidades que se prefiguram. A imagem será usada no decorrer do filme como recurso simbólico, uma fronteira a ser ultrapassada para alçar belíssimos vôos oníricos aos quais o personagem nos leva e que são sua única possibilidade de deslocamento. A câmera é o seu olhar, e também o do espectador. O filme joga com o dentro e o fora, o colocar-se no lugar do outro e depois ser seu observador, e com outros duplos, a vida e o movimento versus a morte e a paralisia, para construir jogos comoventes que envolvem, seja pela sensibilidade no tratamento do tema da eutanásia, pela fotografia ou a trilha sonora.
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